sâmbătă, 19 iulie 2008

Sobre deslocamentos, atos e potências (sobre diferenças)

Potências são possibilidades de. Atos são o “de” consumado, afirmação, categoria, consumação da potência. Uma saída política: potência pura, potência sem ato, potência que não se decide. Eu costumo pegar outro atalho.

Quando falo de deslocamentos não falo de ato. Falo do “entre” ato e potência. Também não falo da “passagem” da potência ao ato, mas de algo que destitui potência e ato, portanto, não de uma passagem, mas de algo que “está de passagem”. Potência também é metafísica da identidade, algo que pode ser “assim” (e, não obstante, não é, e é isso, ao mesmo tempo, que pode romper com a metafísica da identidade). O deslocamento como o “entre”, o “trânsito” (não de um para outro, mas como algo que está de passagem) não fixa nenhuma identidade. É aquilo que salva a potência da sua identidade de potência e o ato da sua identidade de ato, pois, quando pensamos em deslocamentos, nem ato nem potência são mais. Não negamos os pingos nos is. As macropolíticas estão por todos os lados. Mas as micropolíticas (os pequenos deslocamentos) é que são transformadoras. Portanto, potência e ato precisam fracassar. Os deslocamentos destituem as potências das suas promessas (as transformam em outra coisa) e os atos das suas certezas (as transformam em outra coisa). (nunca importa qual coisa, mas a transformação). Os deslocamentos transformam tudo.

Claro, a potência (dýnamis) está cheia de movimento. Ou melhor, está cheia de promessa de movimento ou “prenhe de possibilia”. A potência está prenhe de promessa. Os deslocamentos (moribundos que são, pois não têm em si nem uma potênciazinha para nos consolar), não prometem nada (seriam os deslocamentos mendigos ontológicos?). Ao contrário do que se poderia supor, os deslocamentos não realizam nada. Os deslocamentos são a ruptura com qualquer ordem dada (estão à margem, esses sem-casa!).

O único ponto que importa é este: o des-locamento é o princípio da des-ordem. Nem ato , nem promessa do ato, mas aquilo que disturba. Promessa e ato estão aí, mas isso não é o que importa (às macropolíticas opomos a micropolítica dos pequenos deslocamentos). Não negamos as categorias, os preconceitos, mas o fluxo é que é político. Então, viva Heráclito! (até que alguma lus hilantrófica caia sobre as nossas cabeças e – talvez não sem razão – venha inaugurar novamente as potências como um antídoto ao hum(e)anismo).

PS: sua última postagem esclareceu muita coisa. como você fez isso, de escrever sem pingos? Caraca, deslocamento puro...

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