duminică, 10 august 2008

Singular é o que fracassa...

Gostaria de escrever uma espécie de “elogio do insucesso”, um ensaio sobre a periculosidade e a superação do absoluto no pensamento (e na existência). Um ensaio (ou um livrinho, ou uma parte do nosso livrinho) sobre des-locamentos, uma já anunciada ontologia micropolítica dos transeuntes. Não estamos em uma perspectiva pessimista, mas em uma descontrução ético-política. O insucesso como forma de superação da violência e, portanto, de celebração do singular. Singular não é (apenas) aquele que constrói, mas (fundamentalmente) aquele que fracassa. Fracassa em quê? Nos absolutos tantas vezes amados como caminhos definitivos. Proponho o insucesso como forma de superação da violência ( esta sempre entendida em sentido levinasiano): caminhos sempre trilhados e desconstruídos que se desabsolutizam e abrem novas possibilidades – territorialização e des-territorialização em um diálogo polêmico. Acreditar é importante, move o mundo. Fracassar é fundamental, livra os singulares do totalitarismo das verdades. Um caminho só é real se for superado. Algo então permanece e transforma, sem violência. O fracasso é a abertura para a criatividade e o novo. No fim, resta a singularidade, no meio de tudo, sobrevivente. Somos “andarilhos intelectuais” (e existenciais!), salvamo-nos no trânsito. O que sucumbe não é a existência ou a coisa, mas o caráter absoluto da existência e da coisa que paralisa existência e coisa. Não falo da simples desconstrução decidida por motivos racionais, mas da derrocada de algo que verdadeiramente se amou. Só há fracasso onde outrora houve verdade. Só o que amamos como absoluto pode fracassar. O fracasso é aquilo que pode fazer frente à violência do absoluto. O fracasso (ou os pequenos deslocamentos) são a nossa micropolítica...

Un comentariu:

Renato Rocha spunea...

fez me lembrar desse manifesto:

http://esteticadofracasso.tripod.com/manifesto.htm