Hoje escrevemos uma seção do artiguinho em que dizemos: uma ontologia das potências pode ser haecceitista, pode encontrar espaço para singularidades. Logo eu disse, sim, mas é um haecceitismo feio e as singularidades não ficam necessárias, são no máximo contingentes: um item é singular porque no mundo não há nada com as mesmas potências pois o mundo todo determina as potências do item. Claro, um haecceitismo leibniziano - e fincado em uma teoria do fardo.
Bernard Williams cativou nossos coraçoes dizendo (em Ethics and the Limits of Philosophy) que se uma pessoa delibera com base em virtudes (eu quero ser corajosa e portanto vou fazer isso e aquilo...) sua ação fica excessivamente de terceira pessoa. Árduo, seria preciso que a coragem estivesse atrás da cena da deliberação. Pensei: assim também com as singularidades em fuga entendidas em termos de potências - elas ficam com seu veneno (a flecha para onde a linha de fuga aponta) tornado em análise química. Não queremos dizer que uma análise das singularidades em termos de potências é excessivamente de terceira pessoa - afinal não se trata de sujeitos, a filosofia já ficou tempo demais analisando singularidade em termos de sujeitos, peculiaridade em termos de autonomia. Mas há alguma coisa aí: uma flecha não pode ser analisada só em termos de sua direção, por melhor que seja a análise. Tem que haver alguma coisa que escapa na flecha. No grande esquema das coisas uma desterritorialização precede uma reterritorialização - mas olhemos o movimento.
Uma outra alternativa é dizer que não há categoria ontológica para a singularidade. Ela é o que escapa - está no mundo, mas escapa. Esta é a alternativa de Lévinas.
E podemos fazer como em E&E: dizer que a noção mesmo de ontologia tem que acomodar o que escapa, tem que ser não-fascista, tem que ser tal que não haja apenas as categorias ontológicas ainda que elas seja potências e tratem de possibilia. Singular é o que fica solto.
Intestina
Acum 4 ani
Un comentariu:
Acomodar o que escapa, sem apreender - a ontologia que resta.
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