sâmbătă, 28 iunie 2008

Ontologia das potências

É necessário pensar a ontologia não subordinada a política, mas como sua conseqüência mais imediata. Seria uma forma de constituir um procedimento filosófico em um duplo aspecto: primeiro o deslocamento do primado que cairia antes sob a política que sob o Ser, sendo este sempre um produto de uma tensão de forças agindo e produzindo o conflito antes mesmo da produção de existente, porém seria preciso mostrar que essa antecedência se dá e não se dá antes do já haver algo. O conflito como princípio positivo de produção naquilo que é. Princípio intrínseco ao surgimento de cada novo, e nesse sentido princípio sempre imanente. O conflito deve estar compreendido na produção, circunscrito nela como sua anterioridade sem, no entanto, transcendê-la. Segundo, a política tal como se entende em geral deveria ser repensada para além das atribuições vulgarizadoras em que o já estabelecido a desvia para com isso estabilizá-la, por assim dizer, reduzindo com isso o conflituoso aos dogmas impostos.
Há sempre um conflito político anterior a produção de ontologia. Entretanto é preciso acompanhar esse pensamento em seu duplo aspecto, pois se cosmicamente o existente surge de uma tensão política originária, seria preciso também desenvestir as práticas políticas atuais do que há nelas de moralismo dogmático que se faz barreira contra a emergência do problemático, reduzindo o devir ao já esperado, à obviedade.
Seguindo a pesquisa da obra de Spinoza e de Nietzsche realizada por Deleuze na constituição de uma ontologia da univocidade do ser buscamos os fundamentos sempre móveis que em seus deslocamentos constantes expressa o turvo embate das forças no problemático. A ontologia spinozista em seu interesse primeiramente político constrói um puro plano de imanência, pois está livre de toda transcendência, posiciona os modos de ser a partir de um horizonte absolutamente infinito. Com sua teoria das formas de singularização temos um plano de imanência povoado por multiplicidades ativas definidas apenas por suas Velocidades e por seu grau de Potência de agir.
A Ética de Spinoza é uma ontologia das potências, entretanto permanece limitada na medida em que ela não opera a reversão pela qual o ser se possa dizer aponas do devir, o uno do múltiplo, etc. Ao perceber essa deficiência Deleuze, a partir de sua leitura de Nietzsche, injeta o movimento do eterno vir-à-ser da Diferença fazendo com que os modos spinozistas passassem a girar em frenéticos picos de desmesura. É que para Deleuze o Eterno Retorno de Nietzsche é a doutrina onde a Vontade de Potência pode ir até o máximo daquilo que pode, atingindo sua hybris, seu excesso, elevando-se a sua enésima potência. Esse é o projeto de uma ontologia constituída na micro-política das potências. Uma univocidade do ser onde aquilo que se diz univocamente o faz de sua máxima potência. Um plano de imanência em movimento absoluto, povoado por devires e picos de potência. Aparelho teórico que já é uma prática política, pensamento seletivo que nos implica no problemático, uma arma nômade contra os poderes estabelecidos e os dogmas morais que submetem a vida ao seu movimento niilista de auto-supreção e rigoroso louvor a morte, a impotênica e a subserviência.

miercuri, 18 iunie 2008

Descomplicando (ou complicando mais?)

Vou tentar explicar melhor, não é fácil. Comigo também é assim: às vezes eu entendo, às vezes desentendo. Mas vamos lá. Para compreender a relação entre o banido e a ontologia aristotélica precisamos compreender dois pontos: o paradigma político ocidental segundo Agamben e a relação entre ato e potência em Aristóteles. Comecemos pelo paradigma político. O que Agamben sustenta em “Homo Sacer” é que esse paradigma é o da inclusão pela exclusão. Ou seja, para que a política se institua, ela precisa do excluído ao qual tentará incluir (seja como for, também com a sua eliminação), o que autoriza o estado de exceção. Eu entendi melhor essa relação exclusão-inclusão lendo “a linguagem e a morte”. Neste livro, Agamben não fala de política, mas de metafísica e trabalha com Hegel e Heidegger. Em algumas passagens mostra como a negatividade, entendida no sentido daquilo que escapa ao fato positivo, é o fundamento da metafísica desde Platão e passando inclusive por Heidegger. Em Platão, temos a idéia de bem que é um “além do ser”. Em Heidegger temos o ser que não é o ente e é indizível e inapreensível. O problema é que é justamente essa dimensão do negativo que gera a necessidade da metafísica, ou seja, a necessidade de apreensão de algo que nos escapa. Porque me escapa, porque está excluído, busco incessantemente apreender, preciso incluir. Daí a tentativa de Agamben, em “La communità che viene” de resolver o problema com o “ser qualquer”, o “singular qualquer”, que, embora não seja uma identidade fixa, pode ser “dito” (não há nada para nos escapar).
Bom, essa relação entre exclusão e inclusão será transferida para o paradigma político em “Homo Sacer”. O poder soberano é aquele que institui o estado de exceção, justamente para aplicar a norma àquele que escapa da norma: o banido ou o excluído. Assim, a lei se desaplica (é mudada, transformada, legalmente burlada) para ser aplicada (em uma nova ordem excepcional), por causa de uma exceção que não se enquadra na norma, mas que precisa ser enquadrada de algum modo. Esse é o nosso paradigma político ocidental: a inclusão pela exclusão (ou, se quiser, o excluir para incluir). Esse é o terrível caso de Auchwitz.
E o que isso tem a ver com a ontologia aristotélica? Segundo Agamben, esse paradigma político nasceu justamente dessa ontologia. A questão é a relação entre ato (enérgeia) e potência (dýnamis). Em Aristóteles, a potência não é só potência de ser ou fazer, mas também de não ser ou não fazer. A potência pode não ser (adynamía). Citando Aristóteles, Agamben diz que “o que é potente pode tanto ser como não ser”. A potência pode não passar ao ato, então, “pode o ato podendo não realizá-lo”. Mas como a potência passa ao ato? A potência passa ao ato somente quando “depõe” a potência de não ser. Isso não é destruição ou abolição da potência, mas a sua realização, pois, nas palavras de Agamben, a potência doa de si mesma enquanto se conserva. Para Agamben ,aí está o paradigma da soberania, pois, “dado que, à estrutura da potência, que se mantém em relação com o ato precisamente através do seu poder não ser, corresponde aquela do ‘bando’soberano, que aplica-se à exceção desaplicando-se.” Na relação entre ato e potência temos a autofundação soberana do ser, em que não há nenhuma outra ordem senão ele mesmo. Assim como a norma se desaplica para aplicar-se à exceção, assim acontece com a potência que se aplica ao ato desaplicando-se. Temos aí as raízes do nosso paradigma político.
O que me parece fundamental notar é essa relação entre duas instâncias em um processo de exclusão-inclusão. Mas o foco não está nas duas instâncias, senão na relação entre elas que é a manobra política de incluir pela exclusão – o estado de exceção em que se desaplica a norma para aplicá-la, assim como a potência se desaplica para aplicar-se ao ato (antes eu havia visto outro ponto que parece não ser bem o que Agamben defende: o potência como essa dimensão de negatividade que precisa ser transformada em ato, ou seja, a própria potência como o banido que precisar ser incluído. Mas vamos esquecer isto para não aumentar a confusão).
Então, Agamben vai expor autores que já perceberam um princípio de potência na definição da soberania enquanto defende a necessidade de se pensar uma ontologia da potência que escape ou fique fora da relação com o ato (tudo isso para sair do paradigma do poder soberano). Nesse contexto, Bartleby é uma figura de resistência à medida que “prefere não” escrever e não obstante escreve, e assim se exime de decidir entre o ato e a potência. Porém, segundo Agamben, apesar de levar ao limite a aporia da soberania, não consegue se libertar totalmente.
No meu entendimento, é mais ou menos assim. Mas não tenho muita certeza... Você entendeu alguma coisa diferente de como eu entendi? Também preciso da sua ajuda para esclarecer isso tudo... (E depois, precisamos pensar o que achamos disso. Às vezes Agamben não me convence...)

marți, 17 iunie 2008

Pensando melhor Bartleby à luz de Homo Sacer

Acho que estou entendendo melhor. O ponto não é exatamente que “porque posso não ser, sou”, mas que nem potência de ser nem potência de não ser prevalecem. Ou melhor, desaparece a relação entre ato e potência. Enquanto escreve e pensa que prefere não quer escrever, o que faz o escrivão é justamente desconstruir a passagem da potência ao ato em sentido aristotélico. Por que isso é importante? Por razões políticas. Para Agamben, a exclusão, a exceção ou a negatividade são o solo da política ocidental e autorizam o estado de exceção enquanto fundam o poder soberano. Assim, é o banido que justifica a inclusão (a política!). Aliás, para Agamben, esse também é o fundamento de toda metafísica (vide “a linguagem e a morte”). Há sempre uma dimensão indizível, inapreensível, que precisa ser apropriada e, nesse sentido, nem Heidegger escapa! A filosofia de Heidegger, antes de superação é, em verdade, a confirmação da metafísica. E assim também na política, que encontra as suas raízes em Aristóteles. Ora, é a potência na sua relação com o ato que fundamenta a relação política exclusão-inclusão. A potência, que na sua natureza perfeita é passagem ao ato, é potência de e potência de não, e assim, ao passar ao ato, não se destrói, mas permanece potência de não enquanto doa de si. Estamos no âmbito da soberania do ser. E essa também é a estrutura do bando soberano que “aplica-se à exceção desaplicando-se”. O ponto é justamente essa relação de exclusão-inclusão que nasce com a metafísica de Aristóteles e funda a política ocidental. A saída, para Agamben, é pensar para além ou fora da “relação” entre ato e potência, relação que se sustenta, como já disse, no esquema exclusão-inclusão. Para tanto, sugere a necessidade de se pensar uma nova ontologia das potências, uma ontologia que escape do esquema de “relação” ato –potência. Bartleby é um exemplo de uma tentativa de resistência a essa relação enquanto, como diz Agamben, com o seu “preferia não” não decide entre potência de e potência de não.
O que pensar sobre isso tudo?

duminică, 15 iunie 2008

Posfácio a Excessos e Exceçoes

Hoje escrevi um posfácio ao livro. Coloquei no Hybris Solta:

http://hybrissolta.blogspot.com/

Potência de não ser

Em "La comunità che viene", Agamben defende a potência pura, uma "potentia potentiae", ou uma potência de não ser cujo "ato" não consiste na passagem da potência ao ato, mas uma potência que tem a si mesma por objeto. Essa é uma potência que pode a própria impotência. Assim, o ato, enquanto se dá, traz consigo não apenas a consumação da potência, mas a própria impotência. Bartleby, que não pára de escrever, mas prefere não fazê-lo, é a figura emblemática dessa potência que, ao escrever, atua a própria impotência ou potência de não escrever. Portanto, para Agamben, “qualquer” é o ser que pode não ser na sua própria impotência. Assim, a potência de ser é um exercício da potência de não ser: porque posso não ser, sou.

Isso, a meu ver, muda tudo. Talvez consigamos resolver o problema de uma metafísica da identidade ou da presença (e a violência que implica). Sim, porque agora partimos de fato de uma potência que não é substância, enquanto parte do próprio poder não ser ou está em diálogo constante com o poder não ser. Nada está determinado de modo fechado e definitivo, mas o caminho se desenha em diálogo com o que não é – porque posso não ser, sou. É quase como um grito desesperado de sobrevivência, a respiração urgente arrancada à força contra a ameaça do abismo do nada que, de algum modo, nos funda. E porque essa potência não é substância, não só “pode” não ser, mas também não “tem” que ser. Então não temos mais a necessária passagem ao ato. Potência não é mais potência de um ato, mas potência pode ser impotência. Potências assim compreendidas, que não precisam passar ao ato e que, quando se dá o ato, se afirmam até mesmo como a negação (não o aniquilamento!) ou o vazio do ato (talvez, em verdade, uma contraparte, como o negativo de uma fotografia), talvez sejam potências que abrem o espaço para a consideração de um princípio de individuação (que nos livra de uma ontologia humeana) não metafísico (também nos livra de uma metafísica da identidade). Esse me parece um caminho fecundo para o pensamento... Mas ainda preciso pensar mais.

Um diálogo de differenssas

A tal dissolução dos elos entre tempos e modos deram pano para caqui nos subterrâneos do blog. Documento alguns fragmentos:

Differenssa: Como as potências animariam o mundo (espaço-tempo)? Como separar possibilidade de futuro? O poder-ser e o poder-não-ser já não nos mergulham até o pescoço na temporalidade?

Differenssa: Acho que o bonito é pensar na possibilia como abertura para alguma coisa espacial ou temporalmente distante - a cola modal do mundo. Estar prenhe de potência - diria nietzsche - nao tem nada que ver com o que vou consumar, é a potência mesmo que se associa ao desejo. penso mesmo que isso tem um pouco a ver com o eterno retorno, entendido como eixo para a distinção espinozíssima entre desejo e esperança: potência é desejo, é uma germinação de mundo por ela mesma, não por causa do que ela vai produzir no futuro. o quadridimensionalismo, atualmente, tem me dado muitos espasmos de felicidade - e enclausurar a modalidade no tempo é que me parece claustrofóbico. Eu, ontológicamente, sou bastante de lua.

Differenssa: Quanto ao Werden, acho que começo a entender. Quando disse que "potência é desejo, é uma germinação de mundo por ela mesma, não por causa do que ela vai produzir no futuro" veio uma luz em mim. E me lembrei do lindo trecho de um poema de Angelus Silesius chamado "Ohne Warum" que diz: "a rosa é sem porquê; ela floresce proque ela floresce". Talvez isso tenha a ver com possibilia como cola modal do mundo...

Differenssa: O pessoal de nottingham anda as voltas com uma questão interessante acerca da cola modal: Hume fez parecer que para haver conexão entre aquilo que está distante no tempo ou no espaço, esta conexão teria que ser necessária. Em certo sentido, é um preconceito humeano dizer que se há possibilia há necessidade - podemos pensar em conexões disposicionais, como eles gostam de dizer. Aqui pensamos na imagem de imãs que se juntam de várias maneiras, mas nenhuma delas é necessária. A conexão disposicional é talvez o que Differessa uma vez chamou de pequeno deslocamento - ou o que vem antes de todo deslocamento, a potência em forma separada de qualquer ato específico.

Differenssa: Boa essa da conexão disposicional. Differessa já havia sinalizado isso no blog. Mas agora fica mais claro. Agamben é um que tenta lidar com algo que não é nem necessário nem contingente, mas ele não diz o que é ou como é. Ficamos no meio do caminho. E aí, talvez possamos explicar com esses imãs. Sim, acho que isso tem a ver com os pequenos deslocamentos e com o que, em outros momentos, usando Deleuze, chamei de agenciamentos. Aqui não estamos mais nem no plano da necessidade, nem mergulhados na contingência... (e talvez esta seja uma boa saída para o nosso risco recorrente de cair em uma ontologia humeana). Mas precisamos ainda escapar da metafísica da presença ou da identidade. Temos já caminhado nessa direção, mas penso que ainda precisamos desenvolver mais. Nesse ponto, gosto muito de Agamben e me parece que em Bartleby ele aponta um caminho, falando da relação da potência com a impotência.

sâmbătă, 14 iunie 2008

Ontologia das potências: um curso

Andei pensando em um curso que comece em agosto nas terças-feiras a tarde, sobre ontologia das potências e em uns items bibliográficos:
1. Agamben, Imanência Absoluta e Potência do Pensamento
2. Kit Fine, O problema da possibilia, Variedades de necessidade
3. Nietzsche, pedaços da Wille zur Macht
4. David Lewis, Finkish dispositions
5. Deleuze, Nietzschone, chap 2
6. Molnar, pedaços de Powers
que mais, que mais, que mais?

joi, 12 iunie 2008

Werden oder Tornar au lieu de Devenir oder Devir

A semana passada ouvi falar de uma moda metafísica: o quadridimensionalismo. Trata-se de entender o tempo como uma outra, uma quarta dimensão do espaço e não como algo alheio ao espaço - de um ponto de vista metafísico. (Tentem imaginar como ficaríamos quanto às séries de McTaggard...) Bem, pensei, isso nos levaria a dizer que a distinção entre uma reta como um aglomerado de pontos e uma reta como um ponto em movimento (Spinoza) de algum modo perderia importância: trata-se apenas de que dimensões do espaço-tempo aglomeramos. Pensei também: a distinção entre ser e devir também perde importância nesse cenário onde nada acontece, tudo parece preso - assolou-me uma claustrofobia ontológica.
Porém há alguns minutos pensei: que lindo pensar nas potências em um cenário quadridimensionalista. Pois teríamos possibilia impregnada nos itens do mundo independentemente do futuro - a possibilia é uma conexão entre dois estados do mundo separados por alguma dimensão, não importa qual. Os megáricos talvez tenham nos acostumado a pensar que a dimensão tempo é já a dimensão modal, mas uma maneira de afirmar um realismo modal anti-megárico é dizer que ainda sobra modalidade mesmo se o tempo for inserido no mundo. E pensei: possibilia em um mundo quadridimensionalista permite que notemos que mesmo o tempo seria inanimado sem potências - não é que o espaço é inanimado sem tempo, mas que o o espaço-tempo é inanimado sem potências. As potências é que animam o mundo de uma maneira que nenhuma dimensão pode fazê-lo.
Então voltei ao Sein e ao Werden. Talvez tenhamos que parar de pensar em devires em termos de futuros, pensá-los em termos de possibilidades - eu escrevendo isso torno possível coisas no futuro mas também coisas no presente (por exemplo, que o prato de macarrão com aspargos se esfrie, agora). Devir não tem nada que ver com estar - tem que ver com potências, poderes, com disposições e possibilia. O Wille Zur Macht de Nietzsche não é uma promessa sobre o futuro - isso feriria o eterno retorno - mas um embrenhamento de possibilia.
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Potências: Holismo quanto ao mundo

Na semana passada estive em Nottingham, terra de Robin Hood. Estive falando com
os metafísicos locais, todos às voltas com potências, disposições e holismos quanto ao
mundo. (Distribuir os poderes dos roubados dos potentes entre os impotentes.) E lá estava
eu, no meio daqueles ontólogos todos, gente que é capaz de falar que o tempo é mais uma
dimensão do mundo, uma quarta dimensão, sem sequer perder uma batida de coração.
Mas, arre, eles pagavam as cervejas, os curries, os chás - e eu resolvi falar de como meu
velho holismo com respeito ao pensamento pode aninhar-se no meio do holismo com respeito
ao mundo que parece se despreender de uma ontologia de potências.
Tratava-se de uma atmosfera deshumeana, mas, ali também, a sombra do escocês pairava.
Copio aqui o papelinho que distribuí preles:



World Holism (WH): interconnectedness of parts of the world through their modal features. WH pictures a world modally animated as opposed to a (supposedly possible) modal-free ontology.
Thought Holism (TH): interconnectedness of thought contents through their semantic features. TH pictures thought as interanimated contents as opposed to a building-block-like, representationalist image of the mind.
Relations between WH and TH: analogies, entailments, constraints, fine-tuning.
Strong questions:
(1) Does TH entail WH?
(2) Does WH entail TH?
(3) Is TH a special case of WH?
In this talk I will focus on sketching arguments to answer yes to (1) and (3). (A yes to (3) would lead to a yes to (2).)

Answering yes to (1) A: Humean metaphysics spreads epistemological problems
A modally poor metaphysics entails various forms of scepticism, including problems with induction. A modally poor world can only be legitimately accessed through modally poor experience. Without necessary connections in the world, truths about the future (or about future observations) can only be grasped through reason. The idea that necessary connections are projections of the mind upon the world makes sense only if we assume that the world could be free of modality (or modally poor).
Of course, the denial of Humeanism in metaphysics is not enough to entail WH. But it leads in this direction by encouraging the image of a less modally inanimate world.
Answering yes to (1) B: TH entails (some form of) modal realism
(1) All beliefs are equally about the world: no belief is intelligible purely in terms of its contribution to the interpretation of other beliefs (From the rejection of the 1st dogma)
(2) Conversely, each belief depends on other beliefs to be understood and to receive a verdict from the world – understanding and confrontation with the world apply to critical masses of beliefs. (From the rejection of the 2nd dogma)
(3) Empirical content comes in the form of beliefs. (From the rejection of the 3rd dogma)
(4) If a critical mass of beliefs contains enough falsities, it becomes unintelligible and cannot be confronted with the world. . (From (1) - (3))
(5) There should be some truths in an intelligible critical mass of beliefs. (From (4))
(6) Beliefs about the future constitute a critical mass such that if enough beliefs are removed, we no longer have the resources to think about the future. (Additional anti-Humean assumption)
(7) Some of our beliefs about the future are true.
Answering yes to (1) C: Humean metaphysics is not really modally inanimate
Hume holds that a is necessarily connected to b only if a is identical with b and therefore (on most cases at least) causation cannot be a necessary connection. So, there is a necessary connection between chordates and creatures with a heart. The Humean world is not modally inanimate, it is analytically animate. Necessary connections are reached through the trick of making some connections available to reason alone. If there is no such shortcut possible, necessary connections are to be argued for metaphysically. That suggests that there cannot be a fully modality-free metaphysics.
Answering yes to (3) A: The rejection of the dogmas that grounds TH could be formulated in broader (metaphysical) terms.
TH can also be presented as a consequence of the failed attempts to establish a realm within thought that would be somehow passive: either the internal (to do with matters of reason, analytical judgments) or the purely empirical (passively received sense data, factual). The rejection of the three dogmas that inaugurates Davidsonian TH could be seen as special cases of three broader rejections:
There is no atomic, fixed necessary connection that could be a truth-maker for our discourses on necessity. A necessary connection is never unaffected by the other surrounding necessary connections. There is no separate realm of necessary connections enjoying a special status that would make them effective comes what may – no separate realm of analytical connections, no separate realm of nomological connections. Therefore, no nomological necessity could be isolated from all the other powers affecting each other. There is no principled distinction between fixed nomological necessity on the one hand and ordinary powers – only as an approximation we can take laws as fixed connections (typically, through ceteris paribus clauses). We fix them by postulating that the rest of the world is powerless, inanimate. The purely categorical is a postulation to allow for some individuation of necessary connections.
As a consequence of the first, there is no picture of isolated parts of the world that could be brought to view as more than approximations (Bradley/Joachim on holism about truth-makers?) Our ontology should include all the intervening powers.
No item could be isolated from its powers (potentialities, capacities, conceptual schemes for thought). Therefore, there is no underlying substrata to objects, no underlying quidditas to properties
Answering yes to (3) B: The debate between inferentialism and representationalism could be seen as a special case of the debate between (pan-)dispositionalists and friends of categorical properties. TH encourages the view that inferential capacities are powers of thought contents.
Conceptual capacities and beliefs can be understood in terms of dispositions: always inferring, never representing. A representationalist account of thought is a special case of a view of (parts of the) world as being composed by categorical properties. TH encourages inferentialism – thought contents understood as powers.
Pan-dispositionalism
A suitable version of TH would make it clear that its features can be presented in terms akin to WH. In fact, world and thought seem to be put at a level and similar constituents are present in both: powers. Some of the points above suggest a WH where isolated necessary connections can only been provided by postulating clauses that alienate some powers – typically ceteris paribus clauses. Without those added clauses, the emerging metaphysical picture is one where active powers are everywhere and there is little room for inanimate (and fixed) elements. This seems to encourage some kind of pan-dispositionalism: an ontology of powers; where events are transitions between powers.
Problems with individuation?
Assuming WH would lead to some version of pan-dispositionalism (or maybe some kind of two-side theory about properties), we could face problems with numerical identity and misidentification of indiscernibles. Davidsonian HT is prey of charges of vacuity and massive reduplication of singular items as it cannot do much more than specify de dicto those singular items. A pan-dispositionalism that takes objects to be bundles of powers could have problems with numerical identity. Holists of any kind seem to be friends of bundles.
Based on the generalized rejection of the 1st dogma above, we can take individuation to be a consequence of what we keep fixed – like laws of nature. Maybe individuation is a concern for thought – which is a device to bring about singularities – rather than for our general metaphysics. But would this be a result of lack of trust in general metaphysics?