sâmbătă, 4 aprilie 2009

Olha o dever de casa aí, gente! (ou um saquinho de bobagens)

223. No meio de tudo está o polemos.

224. Onde há desconstrução há construção, diria alguém. Mesmo se o polemos é velocidade que desorganiza, tensão an-arquica, dele nascem as categorias fixas, quer o polemos queira quer não. Ora, que do polemos nasçam tais categorias é uma fatalidade, não uma culpa. Todo tipo de marcopolítica e de fixidez não é desejo do polemos.

225. O polemos é demoníaco enquanto cinde e divide, rompendo com a estrutura estabelecida das coisas. Todavia, ao contrário do que se poderia pensar, o polemos não é o princípio das revoluções. As revoluções, em nome do polemos, traem o polemos empunhando as suas bandeiras. Mas o polemos nem chora.

226. Quem é esse polemos, um personagem? O personagem sou eu, o polemos é apenas um modo de dizer.

227. O desejo do polemos? Que nada permaneça! Amor pelos fracassos...

228. Caos? Anarquia? Na verdade, trata-se de algo muito mais simples: tudo está aí, como sempre. E o polemos no meio de tudo.

229. Certa vez afirmei que no começo era o polemos. Daí muitos poderiam pensar que afirmei um princípio. Mas os princípios organizam as coisas... E o que dizer do déspota da des-ordem?

230. Impertinente, o polemos picha os muros das nossas certezas.

231. E o que quer o polemos? Absolutamente nada. E o que queremos nós do polemos? Nada!

232. Polemos, princípio? Somente enquanto a-fundado: aquele que, desconstruindo tudo, desconstrói a si mesmo.

233. (...) perguntaram a mim certa vez: nada resiste à desconstrução despótica? Ora, tudo resiste, mas nada fica!

234. Repara a alegria, ela não deixa nada nos seus lugares! Corre de um lado para outro, estoura balões, gargalha, dança e salta e ri das coisas sérias e das que não são sérias. A alegria ri dos lugares. Assim também o polemos, que ama as rodinhas.

235. Não o princípio da ordem, mais o da des-ordem está no meio das coisas. Por isso tudo fracassa. (Estamos salvos?!?)

236. Sim, levantem as suas bandeiras! Gritem em todos os cantos do mundo as suas certezas! Defendam as suas filosofias! Tudo ficará bem, porque nada fica.

237. O polemos é tudo que há? Não! O polemos é o que há no meio de tudo.

238. Em uma manhã de chuva ou de sol (já não me lembro bem) perguntei a mim mesmo: posso fazer do polemos a minha bandeira? Posso, assim como você. Mas nada disso é desejo do polemos.

239. Não o ser, mas a des-ordem como ontologia. Filosofia primeira? Arre, questão vã!!

240. Ontologia e micopolítica são um.

241. A ontologia da des-ordem é a ontologia da reciclagem. Tudo se mistura com tudo e sempre termina em outra coisa. O que importa é o desnecessário, o perecível, o fútil.

242. E isso digo a Lévinas e a alguns mais: polemos não é princípio totalitário, mas imanência. Senhores filósofos, não apontem irrefletidamente os seus dedos pontudos contra a efervescência indomável do que se dá entre as coisas.

243. (...) os dedos dos filósofos são demasiado longos! (mas o polemos, inocente que é, escapa-lhes sempre).

244. (...) e para os amantes dos princípios e das hierarquias, deixa o vácuo despótico (e muitos risos no fim!)

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