marți, 15 aprilie 2008

Deslocamentos ontológicos?


Amei a idéia de incluir o ser e o que está solto dele na concepção de deslocamento. Parece que o deslocamento se torna uma potência, um movimento de atualização que nunca precisa ser completa -pode ser como na imagem de Armstrong: sempre fazer as malas, nunca viajar.
Porém não sei se exorcizamos a ontologia humeana. David Lewis propôs uma maneira de entender possibilia: aquilo que é possível, como dizia o velho Leibniz, está em mundos possíveis. Estes mundos possíveis, acrescentou sem pudor Lewis, são tão reais quanto o mundo atual - o mundo atual é apenas este, haec, o mundo apontado por um demonstrativo. E os mundos possíveis mais distantes são menos possíveis dado o mundo atual que apontamos - trata-se de uma geografia da presença onde há que haver uma índice de aqui para que as possibilidades sejam situadas. Trata-se de uma manobra interessante, mas que a comunidade de metafísicos considera uma manobra humeana. Por que? Trata-se de entender a possibilidade - a potência - em termos de relações de semelhança e diferença com outros mundos possíveis. Ao invés de aderir a um megarismo que abraça apenas o mundo atual como real - o que também seria uma alternativa humeana - Lewis entende que uma relação não-modal pode estar na base de todo o pensamento sobre potência.
Bem, poderes. A idéia de que o mundo está prenhe de possibilia é uma tentativa de romper com a inanimação modal do mundo humeano. Como eu disse outro dia, sem matéria-prima ficamos apenas com matérias que são primadonnas. O poder faz conectar aquilo que uma coisa é e aquilo que ela pode provocar - em si mesma e em outras coisas. Podemos pensar nisso em termos de deslocamento, eu suponho: o movimento que está na coisa é que a faz ser. Tudo o que é, é uma receita...

Niciun comentariu: