Por que a política vem antes do ser?
Cada modo de ser que atualmente persevera na existência é constituído por componentes díspares em conflito. Mas o problema é ainda anterior, pois o próprio plano do qual eles se dizem está implicado no retorno seletivo da diferença, ora esse retorno se dá na seleção de forças de naturezas distintas e irredutíveis, na política de um embate mais originário que é da onde pode surgir alguma concepção do ser. Por isso a política vem antes do ser, o que acarreta certamente em uma outra relação prática com o pensamento e com o mundo.
O pólemos é o único princípio de uma filosofia crítica.
A cada vez que se instaura um princípio em filosofia que não seja o problemático, a própria problematização, trai-se o ato do pensamento submetendo-o a coordenadas transcendentais que o estabiliza em dogmas. O pensamento é de direito a arma que envolve os dogmas e as reatividades no embate originário e seletivo do retorno, ainda que ele não o seja muitas vezes de fato. Com isso se recaracteriza a tradição como uma imagem dogmática do pensamento (nous) em seu projeto de dominação e controle da natureza (physis). A tradição que todo ao longo de sua história poupou e compactuou com autoridades arbitrárias, traindo o pensamento em sua maior potência do envolver-se no problemático.
O plano de imanência é o plano crítico envolvido no pólemos.
A partir de um tal princípio (o problemático) pode-se construir uma nova imagem do pensamento (nous) e uma outra relação com a natureza (physis). Dessa opção política pelo questionamento decorre uma ontologia que aqui chamamos de ontologia das potências. Tal ontologia compreende o ser de forma unívoca o que poderia levar a uma contradição, acontece que o ser só se diz univocamente da diferença, instaurando um plano pré-filosófico. É nesse plano que se desenrola o embate, a política e o problemático, esse plano é o plano de imanência expurgado de qualquer transcendental, plano da univocidade do ser e do retorno seletivo da diferença (intensidades).
As potências povoam o plano de imanência.
Todo modo de ser no plano unívoco de imanência corresponde a um grau relativo de potência e de velocidades e lentidões que estão para o grau absoluto de potência do plano e suas velocidades infinitas. Os modos de ser ou modos individuados povoam o plano implicados nele, no entanto, ao plano de imanência se superpõe o plano transcendente que implica a imagem dogmática do pensamento e a organização sistemática do mundo. Alucinações emanam do plano e joga o pensamento em coordenadas que o ultrapassa. Os modos então flutuam esquizofrenicamente no embate seletivo do retorno, na querela infinda das superposições dos planos.
Intestina
Acum 4 ani
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