duminică, 8 martie 2009

216 a 222

216. Certa vez tive uma das experiências mais delicadas da minha vida. Vi um emaranhado de raízes tortas e tomadas pela lama que não apontavam, nunca, para nenhum caminho definitivo. Era o mangue. Entrei naquela profusão de acontecimentos inconclusos e perdi-me na confusão das suas curvas. Então, diante (dentro) do mangue, só pude dizer o silêncio. Que fazer quando a vida não segue mais por linhas retas? E quando o que importa está sob?

217. (...) afundar os pés na terra úmida até umedecer, sem lamento, o fogo que arde dentro.

218. Sempre gostei do modo como o céu imenso desampara as paisagens da terra. É o abandono extasiado de um céu sem deus: an-arché.

219. Há no mar um momento em que já não mais se sabe: céu? Vertigem? Onde começa e onde termina o que é feito de água? Onde começa e onde termina o que é feito de ar?Inútil perguntar-se...

220. [...] Não há começos.

221. As pessoas são como pedras, embora com velocidades distintas. As pessoas ficam, passando. Por sua vez, as pedras passam, ficando. Muitos foram aqueles que tentaram aferir com seus medidores de valores a importância desses acontecimentos para, então, decidir muitas coisas sérias sobre velocidades e diferenças. Porém, até hoje não se soube qual alegria é maior.

222.Certa feita um amigo me disse: ontologia é política vista do alto da torre de controle. Nunca me esqueci. Ele sabia dizer desensinamentos.

Niciun comentariu: